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sábado, 28 de março de 2009

A GLOBALIZAÇÃO COMO PERVERSIDADE

A GLOBALIZAÇÃO COMO PERVERSIDADE

Conseqüências indesejáveis da uniformização do planeta

(...)
“de fato, para a maior parte da humanidade, a globalização está se impondo como uma fábrica de perversidades. O desemprego crescente torna-se crônico. A pobreza aumenta e as classes médias perdem em qualidade de vida. O salário médio tende a baixar. A fome e o desabrigo se generalizam em todos os continentes. Novas enfermidades como a Aids se instalam e velhas doenças, supostamente extirpadas, fazem seu retorno triunfal. A mortalidade infantil permanece a despeito dos progressos médicos e da informação. A educação de qualidade é cada vez mais inacessível. Alastram-se e aprofundamse males espirituais e morais, como os egoísmos, os cinismos, a corrupção.”

Texto adaptado por Página Viva de Por uma Outra Globalização – Do Pensamento Único à Consciência Universal, de Milton Santos. Ed. Record/2000, págs. 19-20.

A visão de Carlos Lessa*

(...) “A outra forma de fazer a globalização é a partir dos países, e é para essa forma que já estamos marchando. Porque o período histórico atual está morrendo. Esse período da globalização está morrendo. Então, o que nós vamos ter é uma outra globalização produzida a partir dos territórios, de suas culturas, das aspirações do que Carlos Lessa chamou (...) de povo. E que eu preferiria chamar de pobres, porque são os que têm força real hoje, do ponto de vista da criatividade, e não nós. Então, há essas duas coisas.”
(...) “Essa nova forma de organização da Federação partiria dos de baixo, dos excluídos pelo processo da globalização. Quem se comunica pela Internet não são os de baixo. Essa comunicação distante não é própria deles. Os lugares são feitos, sobretudo, pelos de baixo, são eles que se comunicam nos lugares, são eles que estão reclamando alimentação correta, saúde, educação para os filhos, lazer, informação e consumo político – que é uma reclamação também não muito clara, mas que vai aparecer daqui a pouco, a partir de uma base local.”

* Carlos Lessa é economista e foi presidente do BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social.
Texto adaptado por Página Viva de entrevista com o professor Milton Santos para www.educacaopublica.rj.gov.br/ biblioteca/geografia/geo23b.htm (acesso em 15 de maio de 2006).
Atividade: Perversidades e possibilidades no mundo globalizado

Objetivos

Refletir sobre as conseqüências da globalização para os trabalhadores e as possibilidades de enfrentamento das dificuldades por meio da organização da sociedade a partir de seus territórios.
Introdução
Os trechos que compõem o texto usado nesta atividade foram produzidos por dois importantes pensadores brasileiros: o geógrafo Milton Santos e o economista Carlos Lessa. Uma das questões colocadas é a força de organização do povo a partir de seus “territórios”, como diz Lessa, ou da “base local”, como afirma Santos. Reflita com os alunos sobre as duas faces da glo-balização: de um lado, “a fábrica de perversidades”; de outro, as possibilidades de enfrentamento e espaços de autonomia. Vamos trabalhar essas contradições?
Contexto no mundo do trabalho: Esta atividade está intimamente relacionada ao trabalho, relação esta que pode ser evidenciada a partir do levantamento das conseqüências da globalização nas condições de trabalho dos alunos ou de suas famílias: a atividade de cada um, o emprego ou desemprego e as exigências para conseguir um novo ou o primeiro emprego.


Leia o texto e, após discutirem, elabore um quadro com um levantamento sobre:

Perversidade e dificuldade x formas de enfrentamento e possibilidades.

Debata com o grupo, caracterize o território em que vivem.

Quais são seus limites, do ponto de vista socioeconômico e ambiental?

Como as pessoas desse território produzem sua existência?

Do que vivem, como trabalham? Quais as perversidades da globalização que aí se manifestam?

Elabore um mural.

Investigue com os colegas a existência de movimentos, grupos e ações inclusivas nesse território.

Entreviste ou convide-os lideranças e participantes desses movimentos a relatar aos alunos suas experiências de lutas e enfrentamentos das perversidades apontadas.

Resultados esperados: Produzir um texto coletivo abordando as conseqüências da globalização no espaço de vivência do grupo e as possibilidades de enfrentamento a partir de ações locais.


Dicas:
Sites - www.comerciosolidariobrasil.com.br ; www. unitrabalho.org. br ; www.ibge.gov.br www.dieese.org.br
Livro – Introdução à economia solidária, de Paul Singer. (Fundação Perseu Abramo)

Atividade: Conhecendo Milton Santos e sua importância

Objetivos

Conhecer a importância da obra de Milton Santos para o debate da globalização no Brasil e o que ele chamava de "uma nova globalização".
Conhecer a idéia principal de sua tese, que é a globalização através do povo.

Introdução

Milton Santos nasceu no interior da Bahia, num lugar chamado Brotas de Macaúbas. Era neto de escravos por parte de pai e foi alfabetizado em casa pelos pais, que eram professores primários. Foi muito rápido nos estudos aos oito anos já estava terminando o ensino primário. Também era muito esforçado: custeava suas aulas no colégio ensinando Geografia aos alunos do atual Ensino Médio. Formou-se em Direito e em Geografia e pôde viajar boa parte do mundo ensinando e enfrentando muitos desafios, inclusive por ser negro. Trabalhou na Europa, na África e nas Américas, recebeu dezenas de prêmios importantes pelo mundo, inclusive o Vautrin Lud que é o Nobel de Geografia. Considerado um importantíssimo professor, intelectual e defensor daquilo que chamava de “uma nova globalização”, Milton Santos faleceu em 24 de julho de 2006, deixando um trabalho fenomenal e exemplar para o Brasil e o mundo.


Leiam o texto e respondam ás perguntas básicas:

Qual a idéia do autor sobre globalização?

Que alternativas o autor aponta?

Milton aponta para o processo de globalização que nasce do povo, através de suas culturas, a partir dos territórios. Essa é uma idéia essencial de seu pensamento, já que valoriza o local e não o global.

Em grupos façam uma lista de atividades culturais e sociais cotidianas, discutindo quais atividades realizadas por vocês podem ser consideradas globalizadas e quais podem ser consideradas locais.

O simples fato de assistir à televisão (atividade cultural e social) pode ser usado como exemplo do que é um mundo globalizado:

Quem assiste?

A que assiste?

A programação é local?

Traz assuntos de interesse da comunidade ou não?

Trata mais do mundo exterior ou do próprio país?

Tem valor educativo?

A programação é de qualidade?

Respeita o histórico do local?

Quais valores predominam?

Como seria uma programação voltada para a comunidade?

Que valores deveriam ser difundidos? etc.

Reúna as idéias num texto coletivo.

Resultados esperados:

Conhecer a tese de Milton Santos sobre a nova globalização, a globalização através do povo.
Refletir sobre as atividades cotidianas na perspectiva da globalização.

FAST-FOOD AQUECE O GLOBO

FAST-FOOD AQUECE O GLOBO
Vinte por cento do combustível fóssil do planeta
é queimado pela indústria de alimentos
Hábitos alimentares

Qualidade de Vida, Consumo e Trabalho

As conclusões do estudo incluem a classificação de alguns tipos de dieta conforme a quantidade de gases de efeito estufa emitidos em todas as etapas da produção.

Os resultados são algumas vezes surpreendentes: em primeiro lugar, como a que menos impactos traz para o equilíbrio climático da Terra, ficou a alimentação vegetariana (inclui ovos e derivados de leite), especialmente a composta de alimentos orgânicos. Em seguida, vem a dieta com base em carne de aves. Em terceiro lugar, vem a alimentação industrializada típica dos norte-americanos. Empatados na última colocação, ficaram a carne de peixe e a carne vermelha. A colocação dos peixes em último na lista é explicada pelo fato de que, em geral, a pesca e o congelamento de algumas espécies envolvem muita utilização de combustíveis derivados de petróleo.

Dessa forma, o consumidor consciente, por meio de sua escolha alimentar, pode contribuir para não aprofundar o problema de aquecimento da Terra e mudanças climáticas decorrentes.

Se, como diz o ditado, “somos o que comemos”, um estudo feito nos Estados Unidos comprova que nossos hábitos alimentares têm relação direta também com a “saúde” do planeta. De acordo com a pesquisa, adotar uma dieta vegetariana é uma forma simples de consumir sem agredir o meio ambiente, enquanto hábitos alimentares com predominância de comida industrializada e rica em proteína animal contribuem diretamente para um dos problemas ambientais que mais ameaçam o mundo: o aquecimento global.

A pesquisa mostra que a produção, a estocagem e a conservação de alimentos enlatados, embutidos e de fast-food – todos com processamento industrial – é responsável por cerca de 20% da queima de combustíveis fósseis (derivados do petróleo) nos EUA. Assim, a dieta típica dos norte-americanos emite gases de efeito estufa em quantidade equivalente a um terço da emissão de todos os carros, motos e caminhões do país. Os transportes são apontados como os principais causadores do superaquecimento do planeta.

Dieta agressiva
Os autores do estudo comparam as diferenças entre uma dieta vegetariana e outra composta por produtos industrializados– em relação à poluição gerada na sua produção – às mesmas existentes entre um carro de passeio e um jipe utilitário. Eles alertam que a capacidade de destruição do meio ambiente de uma dieta como a dos norte-americanos é tão grande quanto a do setor dos transportes. Mas ressaltam que pequenas mudanças nos hábitos alimentares das pessoas podem ter um impacto positivo muito grande. “Se cada pessoa que come dois hambúrgueres por semana cortasse essa quantidade pela metade, a diferença já seria substancial”, disse um dos autores do estudo.

Objetivos
• Relacionar hábitos alimentares e aquecimento global

Introdução

Quem diria “fast-food”, comida rápida, processada em larga escala por grandes empresas transnacionais não tem a ver apenas com a saúde das pessoas, mas também tem tudo a ver com a saúde do planeta, ou melhor, com o aquecimento global do planeta. Isto coloca em discussão os hábitos alimentares da sociedade contemporânea. Os alimentos industrializados ricos em proteína animal contribuem para o agravamento dos problemas ambientais, enquanto a dieta vegetariana, os derivados de ovos, leite e aves podem ter um impacto positivo no meio ambiente. Quais as principais razões deste fato? Como a mudança de hábitos alimentares pode trazer impactos positivos e negativos à saúde dos indivíduos e do meio ambiente? Vamos repensar nossos hábitos com os alunos?

1.Conversar com os colegas do grupo sobre os hábitos alimentares, os gostos, os produtos mais consumidos e aqueles que gostariam de consumir;

2.Discutir o fenômeno do fast-food como um hábito que atinge os trabalhadores dos grandes centros urbanos;

3.Ler e discutir o texto relacionando-o ao meio ambiente, ao aquecimento global do planeta;

4.Elaborar uma lista de alimentos, comidas industrializadas que, consumidos em grande escala, podem prejudicar o meio ambiente e a saúde. Discuta as razões e as implicações;

5.Elaborar um cardápio para uma semana, relacionando alimentos que não prejudicam o meio ambiente e contribuem para uma vida mais saudável, "ecologicamente correto".
Resultados esperados: Elaboração de um cardápio saudável e não prejudicial ao meio ambiente.

Sites:
www.akatu.org.br
http://dtr2004.saude.gov.br/nutricao/promocaoalimentacao.php

REFUGIADOS NO PLANETA

Atividade: Refugiados no planeta Terra: direitos humanos e de cidadania

Objetivos

Analisar a situação dos povos refugiados e a questão dos direitos humanos e de cidadania na sociedade globalizada.
Introdução
Os discursos que enaltecem a globalização elogiam a liberdade de comércio entre as nações, a livre circulação de mercadorias, capitais, informações, tecnologias. Entretanto, o mesmo não ocorre com as pessoas. Quantos países, em diferentes momentos da história, chegam a construir muros, cercas para fechar suas fronteiras e impedir a entrada de imigrantes? No mundo global, além das questões políticas, étnicas e religiosas que obrigam milhares de pessoas a viver em países diversos do seu, o desemprego estrutural, a fome e a falta de acesso aos direitos básicos de cidadania que atingem os países pobres obrigam milhares de pessoas a arriscar suas vidas em tra-vessias ilegais e clandestinas em busca de melhores condições de vida em outros países. Exemplo disso é a emigração de brasileiros para os EUA e para a Europa em busca de trabalho. Além disso, existem os refugiados ambientais, ou seja, aquelas pessoas que se vêem obrigadas a ir embora ou porque lhes é negado o acesso à terra ou porque a sua região não lhe permite satisfazer suas necessidades básicas (por exemplo, os refugiados das regiões de seca ou de enchente no Brasil). Os dados apresentados nos permitem identificar regiões, países que atraem e que expulsam pessoas. Analise a situação com os alunos tendo como ponto de partida a história de vida do grupo, relacionando-a à questão dos direitos humanos e de cidadania. Certamente, na turma há pessoas cujas famílias migraram por alguma razão apontada no texto ou outras relacionadas ao mundo do trabalho.


Leia e interprete o texto.

Relate a sua história, a origem (localização espacial) das suas famílias. Socialize as histórias, identificando fatores mais comuns de atração e de expulsão de habitantes de diferentes regiões do Brasil.

Solicite os alunos que destaquem no texto: os principais motivos de perseguição e emigração forçada das pessoas e as características das nações com maior proporção de refugiados.

Localize no mapa-múndi os principais países de origem dos refugiados globalizados.

Debata com seu grupo: Os refugiados têm seus direitos respeitados?

Levante os direitos que são negados aos refugiados.

Elabore um cartaz com imagens e frases sobre os direitos humanos e de cidadania das pessoas, denunciando a negação desses direitos aos imigrantes.

Resultados esperados:

Conscientizar-se do problema da negação social dos direitos humanos e de cidadania.
Elaborar um cartaz com imagens e frases em que se note a expressão dessa conscientização.